quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sou Escandalosa

Eu sou escandalosa.
Falo alto quando todo mundo tá falando baixo.
Grito quando tô feliz.
Bato palmas pra tudo que me alegra.
Brigo com a TV, com a Netflix, com o joguinho online.

Se eu estiver nervosa/ansiosa não paro um segundo. Ando. Sento. Esperneio. Rio alto.

Sou escandalosa.

É o meu jeito de me expressar.

E não vou pedir desculpas por isso.

Beijos de luz.

sábado, 16 de julho de 2016

A Síndrome de Bridget Jones aos 20 e poucos anos.

"Quantos anos você tem?"
"Vinte e pouco"
"Ah, que saudade do tempo em que eu tinha a sua idade"
"Humhum. É mesmo?!"
"Já namora? Vai casar? Pretende ter filhos? Claro que sim, que pergunta tola essa minha"
*Sorriso azedo na cara da jovem assediada por sua tia*

Certo, tenho certeza que não é só comigo que isso acontece. Esse momento em que a única coisa que você quer na vida é que um buraco no chão abra e te engula. Sério, seres humanos mais velhos, por que insistem em nos atazanar com as suas expectativas ultrapassadas? Hellooooo! Somos a nova geração de mulheres, amores! Nós não nos limitamos mais àquelas três classes da mulher na família tradicional brasileira - Mãe, Esposa e Dona de Casa.

Tudo bem, não podemos negar que muitas de nós ainda querem ter filhos, casar e, talvez, ainda existam aquelas que por alguma razão queiram ser donas de casa. Ótimo, estamos aqui para quebrar regras e não para nos prendermos a elas. Por exemplo, toda vez que eu releio um dos romances da Jane Austen eu fecho o livro e fico sonhando com os personagens das histórias - sim, por vezes me pego suspirando pelo Coronel Brandon ou mesmo o tão boa pinta Mr. Darcy - E isso soa até estranho quando se trata do meu perfil feminino. Não sou de ficar remoendo por amores ou sonhando com casamentos perfeitos. Já não conto mais nos dedos os conselhos de desapega dessa merda - relacionamento amoroso - que dei para as minhas amigas que sempre, não sei o motivo, corriam para mim em busca de uma direção quando estavam com o coração partido.

Acho que nunca tive paciência, sabe? Ou mesmo expectativa com essas coisas. Creio que vocês já tenham lido ou mesmo visto as aventuras de uma das personagens mais incríveis do universo - okay, talvez eu tenha exagerado nesse incrível -  estou falando de Bridget Jones. AAAAAAAAAAAAHHH COMO EU AMO ELA <3

-- Desculpa, mas é que a Bridget é um dos meus espíritos animais. --

"Você está se contradizendo, Benhe. A Bridget é extremamente sensível as causas do coração."

Sim, eu sei. E isso que a torna tão nostálgica e significativa para quem eu me tornei nos dias de hoje, nos meus vinte e poucos anos.

Quando eu tinha doze anos - 2006 - conheci, não lembro se foi pela sessão da tarde ou pelos filmes que meu pai adorava alugar, a franquia que retratava a história de uma mulher mais velha e que se sentia sozinha e gorda e essas coisas clichês que adoravam usar para chamar atenção do antigo público feminino. Certo, até aí massa. Mas como todos sabem, ou deveriam saber, quando se tem doze anos você vive um pequeno inferno na sua mente, principalmente quando se é acima do peso e totalmente fora dos padrões das meninas bonitas do colégio. Os doze anos de uma garota que tem como passatempo preferido ver filme e estudar história não é muito glamouroso, posso assim dizer. Mas não estou reclamando, não mudo a minha história de vida uma só vírgula - talvez só colocaria mais alguns zeros na conta bancária.

O que acontece é que quando eu me sentava na frente da TV para ver a Bridget e suas burradas, eu a via como o meu futuro. Não tentava nem lutar contra, tinha certeza que quando estivesse na idade da protagonista estaria passando pelos mesmos perrengues. Luta contra a balança. Crush em chefe cachorro. Natal ouvindo Celine Dion, jogada no sofá vendo o tempo passar pela janela. E essas coisas da "vida" de alguém solteirão. Da mesma forma que me divertia com esse futuro, - afinal, se fosse igual ao da Bridget, eu acabaria saindo algumas vezes com um Hugh Grant ou um Colin Firth, então poderia lidar muito bem com isso - eu também me sentia assustada. Quem quer passar o resto da vida sozinha? Eu que não queria.

Na época. Eu não queria na época.

Hoje, na calada do meu quarto rabiscado de tinta guache, me sinto a melhor das mulheres ao rir pela milésima vez dos filmes que tanto significaram para mim naquela época de insegurança. Vejo a Bridget mais como uma antítese de mim mesmo. Eu ainda tenho inseguranças, é claro. Mas a maioria é ligada ao futuro do meu nome. De quem eu serei daqui a alguns anos. Se estarei viajando pelo mundo ou fixada em algum lugar devido o meu trabalho. Não me importo se em algum momento da vida me encontrar sozinha no meu quarto ouvindo Lana Del Rey ou Agnes Obel, ou até mesmo vendo sitcom ou os filmes do Woody Allen. Não há nada de mais nisso. A vida não é feita de calças número 36 ou festas badaladas, ela é bem mais que isso. É bem mais que as inseguranças de uma adolescente levemente NERD.

Talvez os anos me ajudaram com essa questão. Talvez as minhas experiências de vida me fizeram ter segurança quanto a isso. Não sei bem apontar o que foi. Tenho amigos, carreira, contas para pagar e sonhos para realizar. Estou em busca de algo único. Algo que muitos de pensamento atrasado não concordam.

"Eu, quando tinha a sua idade, já estava casada e muito feliz"
*falou a mulher cujo marido tem 37 milhões de amantes*

"Eu, quando tinha a sua idade, já era mãe"
*tenho leve impressão que ela acha realmente que isso é algo MASSA*

"Eu, quando tinha a sua...."

Chega!

Faço parte da nova geração de mulheres. A geração que quebra paradigmas e faz seu nome sem rótulo algum. Não preciso ficar com medo de me tornar Bridget Jones, ela é apenas uma das várias mulheres que posso ser na vida. Não estou presa a nada. Seja qual for a mulher que eu desejar me tornar - mãe, esposa, executiva, artista (..) - ela será única e cuidadosamente desenhada pelas minhas escolhas.

Eu posso ser quem eu quiser.

Por: Juliana Saraiva, A Benhedictha.